Piscinas Negras II, 2007
O universo criativo contemporâneo trás em sua essência a fragmentação, isso graças a um longo caminho de ‘des-construções’ artísticas. A produção pictórica de Karen Axelrud concentra-se na relação binária que estrutura esse processo; sua obra emerge dessa relação.
Em seu processo, a artista entrega-se à deriva em sua produção, os caminhos que percorre, necessariamente não possuem um fim especifico, essa trajetória é parte de sua construção, a complexidade é a matéria prima de seu trabalho, seu processo ocorre entre o pensar e o fazer, e na relação existente entre eles.
A artista explora a persistência, a repetição, a continuidade, a partir de referências, experiências vividas e na relação que existe entre elas. Sua obra parte da fragmentação revelando significados ocultos que possibilitam novas leituras.
Cubos pretos, cuja cor funciona como um pólo de tensão. Contenção que retém a intensidade da luz. Substrato do interior de seu trabalho, espaço para onde nos convida a penetrar e lá coexistir com seu universo pictórico.
Em seus últimos trabalhos a artista utiliza-se de fragmentos. Elementos singulares que lhe permitem avançar em seu projeto artístico e que trazem em seu interior forte carga de significados e sentidos. Suas obras exibem surpreendente riqueza fundada em sutis articulações. Um sistema modular que busca exigir do espectador mais do que seus olhos possam perceber. Nele o espectador é lançado a um mundo imaginário como co-participante, como objeto desse sistema onde o prazer estético se dá através das possibilidades desses diálogos.
Carlos Henrique Gutierrez
Porto Alegre, 2007